DESARMAMENTO?!?!?!

No dia 23 de outubro votaremos pela primeira vez em um referendo. Esse referendo tem sido chamado de o referendo do "desarmamento" e tem gerado uma polêmica imensa, somente abafada pela nossa "crise política" (ou seria descoberta política?).

Antes de começar a tecer algumas ponderações sobre o "desarmamento" eu quero lamentar-me da pouca divulgação e debate via mídia aberta sobre a questão a ser votada, mas principalmente quero me mostrar extremamente frustrado pela falta de enaltecimento que o nosso primeiro referendo está recebendo. O referendo popular é a real forma do povo se manifestar sobre as regras que devem nortear sua vida em sociedade, uma vez que o nosso sistema de representação está fracassando solenemente, e nunca havia sido utilizado até então, e, quando o é, mal é enaltecido (tragédia sempre gera polêmica e polêmica sempre gera audiência, para bom entendedor "isco" significa Francisco).

Passado esse meu desabafo vamos olhar de perto este tal monstrengo chamado referendo do "desarmamento". A primeira coisa que podemos falar é que existem muitas opiniões e poucas informações. Pesquisas para lá, pesquisas para cá, umas contra, outras a favor, correntes de e-mail é o que não falta (para variar). Seja qual for o argumento, desde que não venha de partes inidôneas, ele deve ser visto com toda ponderação que este delicado tema requer, mas, depois de muito discutir este tema, fiz um filtro dos principais argumentos de ambos os lados e me posicionei a respeito.

Ambos os lados querem a segurança do que chamam de "bom cidadão", mas cada um do seu jeito. Os que defendem as armas se apegam à fraqueza do Estado, na necessidade de auto proteção e no direito à legítima defesa. Os que preterem as armas defendem que elas mais põem em risco do que defendem o cidadão, efetivamente, e levantam sempre as questões dos acidentes domésticos.

Eu, particularmente, sou adepto do "desarmamento" pelos motivos citados e por outros. A arma dá um poder de vida e de morte sobre os demais, e o Lula veio confirmar o que o poder faz com as pessoas. Corrompe! Acredito também que o maior dos argumentos armamentistas é fraco em essência, acredito que a fraqueza do Estado é mais um motivo para limitarmos o acesso a armas. Em uma sociedade que gera tantas desigualdades, como diferenciar os bons dos maus? É mau o pobre desesperado que não consegue sustentar sua família com os bicos que faz e de vez em quando rouba alguém para poder pôr comida em casa? Eu acredito que não, numa sociedade desigual, que não dá oportunidades às pessoas, quem pode julgar alguém? Ninguém.

Antes eu falei que havia muitas opiniões e poucas informações, mas o que eu quis dizer com isso? É que muitos ainda acham que iremos votar o "desarmamento", mas na realidade votaremos apenas o tocante ao comércio de armas. E disso nada se discute, eu mesmo não tenho opinião formada.

Eu sempre ponho a palavra desarmamento entre aspas porque não há desarmamento como se fala. A lei ainda permite o porte de armas para muitas pessoas (rols dos artigos 6 e 10) e ainda a possibilidade de se ter armas em casa (artigo 4), ou seja, ainda há porte de armas e formas de se ter armas, isto apenas está melhor regrado (foi dificultado o acesso).

A questão de se ter ou não comércio de armas (artigo 35 da lei) é muito mais complexa do que parece. Temos questões relevantes como o desemprego que pode vir a gerar ou não e de como aquelas pessoas que precisam de armas (caso do artigo 10 da lei), as pessoas que correm risco de vida, vão adquiri-las ou trocá-las? Tem ou não o comércio de armas ligação com o fornecimento ilegal de armas às quadrilhas, bandidos e afins? Estas questões precisam ser mais bem debatidas e pesquisadas.

Até que isso seja respondido eu não tenho posição firme, mas me inclino à liberação do comércio de armas pela questão do desemprego e da aquisição por parte de quem precisa delas. Mas, quanto a desarmar realmente a população, eu seria totalmente a favor.





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