A PERIGOSA INVERSÃO DE VALORES

Prometo que depois deste post não escreverei mais sobre o referendo, mas quero chamar a atenção das pessoas para uma coisa: a inversão de valores da nossa sociedade que se revelou de maneira preocupante.

Começarei dizendo porque votei no SIM, resumidamente, depois abordarei essa questão.

Votei no SIM por quê:

1 – Acidentes domésticos acontecem, isso é fato, e se não houvesse armas nas casas o número de vítimas seria menor;

2 – Crimes passionais ocorrem em um número muito elevado e entendo que é muito mais fácil ser macho o suficiente para matar alguém com uma arma do que com outro instrumento qualquer, assim como acredito que a chance de reação da vítima é muito maior quando o agressor não tem uma arma, logo, teríamos vidas poupadas;

3 – Como já expliquei anteriormente, não entendo que a “legítima defesa” através da arma ou qualquer outro instrumento (reação) seja eficaz e boa, penso que ela mais traz prejuízos à vítima;

4 – Não há em nosso sistema penal a previsão de pena de morte, logo, se te roubam, a pena do assaltante é qualquer uma que não morrer (bandido bom não é bandido morto), alias, em um país tão desigual ninguém pode julgar quem merece ou não viver, isso não seria possível nem em um país igualitário;

5 – Armas legais, roubadas de “pessoas de bem”, também abastecem o crime, isso é fato;

6 – Votar SIM significa frear a corrida civil às armas que está ocorrendo e que todos consideram ruim, pois acredito que o referendo, seja qual fosse o vencedor, teria pouco ou nenhum efeito prático.

Desculpem-me os partidários do NÃO, mas todos os motivos acima citados são teoricamente incontroversos. Alguns não acharam-nos suficientes para cercearem o seu direito a possuir armas, eu achei.

Quanto à inversão de valores, vimos muitos comentários no sentido de que “bandido bom é bandido morto”; “invadiu tua casa mete bala”; “antes eles do que eu”; “só o que faltava o cara levar o que eu batalhei para conseguir, tem mais é que levar chumbo” e coisas assim. Nota-se nesses argumentos uma inversão de valores perigosa, mas que há muito é presente em nossa sociedade. As pessoas dão mais valor ao seu patrimônio do que a vida do próximo e, às vezes, até a sua própria. Isso tem que ser repensado, a vida em sociedade não precisa disto.






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